A luta por um bastião comunista desde o 25…
É o principal concelho em termos populacionais, da Margem Sul da Área Metropolitana de Lisboa com 174 mil habitantes, segundo os censos de 2011
Desde de janeiro, quando foi nomeada candidata, que Inês de Medeiros anda “a estudar e a visitar o concelho de Almada”. É a cara do PS, o partido que tem conseguido arrebatar o segundo lugar num bastião comunista que já leva mais de quatro décadas. Enfrenta a concorrência de Joaquim Judas que se recandidata pela CDU a mais quatro anos de gestão, depois de ter ocupado a presidência da autarquia em 2013, substituindo Maria Emília de Sousa, cara do concelho durante anos.
“O principal eixo da candidatura é dar continuidade ao trabalho de sucesso desenvolvido nos últimos 40 anos”, diz Joaquim Judas, que depressa aponta exemplos de “provas dadas” como a reestruturação do tecido empresarial e a recuperação de emprego depois dos anos negros das décadas de 1980 e 1990. “O essencial foi conseguido com uma qualidade de vida que nos coloca como o oitavo município em que as pessoas mais gostam de viver”, afirma o atual presidente.
O médico sublinha que Almada “recebe hoje para trabalhar mais pessoas do que as saem para trabalhar fora do concelho” e que o concelho é “um polo cultural reconhecido com o maior festival de teatro e uma companhia de dança”. Lembra ainda os investimentos na educação, realojamento e o desenvolvimento de programas de apoio a pessoas mais carenciadas. “Temos desafios enormes pela frente”, referindo que esperam que o quadro comunitário avance para “permitir projetos de investimento de 25 milhões de euros, dos quais 16 milhões são assumidos pela câmara, em diversas áreas como a mobilidade, energia e reabilitação urbana”. E os investimentos em projetos que diz, foram travados pelo Estado como o da Margueira e o porto de águas profundas na frente ribeirinha.
Mobilidade e emprego
“Há uma ideia central que neste momento se tornou muito evidente: há um subaproveitamento quase crónico das possibilidades turísticas, empresariais, de habitação. Este é um concelho com uma diversidade incrível e tem havido uma incapacidade de tomar iniciativas que não explica”, afirma Inês de Medeiros, que explica a ligação ao concelho com o facto de nas últimas legislativas ter sido candidata pelo distrito de Setúbal.
Desvaloriza o facto para salientar o lema socialista: “Almada pode ocupar um lugar central”. Apesar de reconhecer que há trabalho feito, aponta o muito que diz estar por fazer. “Existem focos de pobreza inaceitáveis que têm de ser uma prioridade, é preciso olhar para os bairros sociais e saber dignificá-los e requalificá-los. Até 2019 têm de ser renegociados dois grandes contratos de concessão de transportes, que são predominantemente privados, e este é o momento privilegiado para repensar a mobilidade do concelho. É bom olharmos para a Costa da Caparica, que está praticamente idêntica ao que era antes do 25 de Abril. É preciso criar condições para que as empresas gostem de se instalar em Almada e refortalecer o emprego”, diz.
É uma autarquia mais aberta à população que Joana Mortágua, peso pesado do BE, defende. “A câmara deve promover momentos de participação. Defendemos o aprofundamento da participação dos cidadãos e um poder local mais atento a isso”, diz, apontando a criação de um orçamento participativo como uma das medidas que querem pôr em prática. Candidata pela segunda vez ao cargo, leva consigo grande parte da equipa de 2013, ano em que perderam o vereador conquistado quatro anos antes. “Temos que desafiar o poder que existe em maioria absoluta. O projeto da CDU está estagnado e é preciso uma alternativa para o concelho”, afirma.
A mobilidade é uma das prioridades da candidata que sugere a união dos municípios do arco ribeiro sul para a criação de uma entidade municipal de transportes para que a quantidade e qualidade das carreiras fique garantida. Esta não é a única linha de ação. “Há focos de habitação clandestina sem condições, milhares de pessoas para realojar, bairros municipais com casas sem condições. Também temos de olhar para Lisboa e fazer uma política de habitação preventiva”, apontando o problema que Lisboa vive com a habitação para turistas que está a afastar residentes do centro da cidade.
“É igualmente preciso perceber como é que as atividades económicas e o turismo se podem expandir no território”, tornando Almada num polo forte de emprego na região.
Oportunidades perdidas
“Vimos para ganhar e mudar o concelho”, afirma Nuno Matias, que leva consigo Maria Luís Albuquerque, antiga ministra das Finanças, como candidata à Assembleia Municipal. “A minha candidatura a presidente da câmara e a de Maria Luís à assembleia municipal mostra que o PSD vem com ambição para ganhar”, afirma o candidato do PSD que já foi deputado municipal em Almada.
O economista fala de “oportunidades perdidas” de uma gestão comunista com mais de 40 anos. “É preciso potenciar a criação de riqueza, investimento de proximidade e qualidade de vida. A câmara tem de ser um motor de desenvolvimento, mas tem sido um travão, afirma, dando “duas marcas deste mandato que devem fazer refletir: mais de seis milhões de euros em imóveis e terrenos sem a devida justificação de valor estratégico e a realização do único festival de verão que dá prejuízo”. Nas prioridades da candidato estão “a criação de emprego, de um balcão do investidor e um gestor de projetos dentro da autarquia, mais acessibilidade e mobilidade reforçando os transportes públicos e a requalificação do espaço público”.
António Pedro Maco reconhece que o desafio é difícil, mas assegura que está aqui para ir “o mais longe possível”. O candidato do CDS fala de uma Almada “que não pode perder esta oportunidade para mudar”. “Nas nossas propostas estão o orçamento participativo e a presidência aberta para um dia por semana estar no terreno a contactar com os comerciantes e as empresas, as poucas que há”, diz.
É por isso que as pequenas e médias empresas “que possam tirar dividendos do turismo” são uma prioridade. O que se traduz no reforço da mobilidade e na requalificação do espaço público e do património histórico. Prometem apostar “no apoio financeiro aos mais desfavorecidos, na natalidade, nos mais idosos e no combate ao desperdício alimentar”.
Os candidatos opositores reconhecem contas saldadas e obra feita, mas pouco para o desejam para o concelho. Às criticas o atual presidente e recandidato Joaquim Judas responde lembrando que a câmara tem autonomia limitada nos contratos de concessão dos transportes públicos e que os governos limitaram o avanço de alguns projetos. E remata: “Acreditamos que com a experiência que temos e as prova dadas vamos estar à altura dos desafios. É com a CDU que as soluções são encontradas”.
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