Caparica Surf Fest despede-se a dançar com um “até…
O festival à beira-mar que junta surf e música na praia do Paraíso terminou ontem com a certeza de um regresso em 2019
Foi novamente com casa cheia que o Caparica Surf Fest se despediu do público, na praia do Paraíso, numa noite com a presença em palco de Ricky Boy e Loony Johnson, dois nomes de proa da nova música urbana de Cabo Verde, que antecederam o espetáculo da cabeça-de-cartaz Sara Tavares. Ao todo foram dez dias de eventos desportivos e seis noites de concertos, quase sempre esgotadas, que enchem de orgulho o programador António Miguel Guimarães. “Foi um ano de consolidação, apostando na continuidade do que já tinha sido feito no ano passado, mas ao mesmo tempo afirmando o festival como uma referência no calendário nacional.” O responsável dá como exemplo “as mais de 30 provas realizadas, de variados escalões e desportos de ondas”, que representaram um aumento de competidores em comparação com a edição anterior. Isto “apesar das más condições do tempo”, que obrigaram “ao cancelamento de duas ou três provas”.
Já “a programação musical revelou-se, também ela e a exemplo do ano passado, um sucesso”, com quatro das seis noites “completamente esgotadas” e “as restantes também muito perto disso”. A escolha de bandas com discos e espetáculos novos, foi portanto “acertada, como se depreende pela afluência do público”, cujo número não quis precisar, que nem a chuva e o vento, bem fortes em algumas noites, conseguiu afastar. “Somos o primeiro festival do ano e as bandas aproveitam para começar aqui as digressões”, sustenta António Miguel, dando o exemplo de Jimmy P, que atuou na sexta-feira, antes do cabeça-de-cartaz Carlão, provando, mais uma vez, segundo o promotor, “ser um ídolo para toda uma nova geração”. Foram aliás vários os concertos que ficaram na memória deste responsável, como aconteceu com o dos Bateu Matou, uma banda composta por Quim Albergaria (Paus), Ivo Costa (Batida) e Riot (Buraka Som Sistema), “três bateristas muito experientes, que apresentam um espetáculo muito interessante e com todas as condições para se tornarem um caso sério de popularidade”. A atuação deste trio foi mesmo um dos grandes momentos de todo o festival. Mais que dar um mero concerto, o objetivo de quem está em palco é fazer o público dançar, como os conjuntos de baile de antigamente. E conseguiram-no, como se viu pelo entusiasmo com que os grupos de surfistas que à tarde estiveram a competir nas ondas (foram mais de mil os que durante os dez dias passaram pelas praias da Caparica) se atiraram para improvisadas coreografias ao som de versões tocadas a três baterias de Bonga ou Paul Simon.
António Miguel realça ainda a “boa forma de Carlão” e “a nova formação dos Dead Combo, que, com a entrada de Alexandre Frazão para a bateria, ganha uma nova versatilidade ao vivo”.
Quanto aos nomes emergentes, o promotor destaca, por exemplo, Megadrive ou Enoque, que atuaram no primeiro fim de semana do festival, mas também, “num registo diferente”, o de Poli, “com um rock cantado em português a fazer lembrar por vezes o estilo de Bruce Springsteen”. Outra aposta ganha, segundo António Miguel, foi o alinhamento musical do último dia, “por mais uma vez mostrar que há toda uma nova geração muito aberta para a nova música dos PALOP”.
Impõe-se portanto a pergunta, em jeito de balanço, se este Caparica Surf Fest vai continuar no ano que vem? “Penso que sim, tem todas as condições para isso. O verdadeiro promotor é a Câmara Municipal de Almada, que já nos confirmou o interesse em continuar a realizar o evento nestes mesmos moldes”, como “um festival de desportos de ondas, que tem lugar na maior praia de surf do país e no qual a música surge como um complemento”. O desafio que agora se coloca, sublinha, não é tanto de crescimento mas antes de melhoria: “É um festival já com uma escala muito interessante e agora apenas há que manter este nível e, ao mesmo tempo, inovar, especialmente ao nível das condições para o público.”
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